Professora Érica Marques

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Livro para ler nas férias

GUARDIÃO DE MEMÓRIAS - Kim Edwards

É uma fascinante história sobre vidas paralelas, famílias separadas pelo destino, segredos do passado e o infinito poder do amor verdadeiro. Inverno de 1964. Uma violenta tempestade de neve obriga o Dr. David Henry a fazer o parto de seus filhos gêmeos. O menino, primeiro a nascer, é perfeitamente saudável, mas o médico logo reconhece na menina sinais da síndrome de Down. Guiado por um impulso irrefreável e por dolorosas lembranças do passado, Dr. Henry toma uma decisão que mudará para sempre a vida de todos e o assombrará até a morte: ele pede que sua enfermeira, Caroline, entregue a criança para adoção e diz à esposa que a menina não sobreviveu. Tocada pela fragilidade do bebê, Caroline decide sair da cidade e criar Phoebe como sua própria filha. E Norah, a mãe, jamais consegue se recuperar do imenso vazio causado pela ausência da menina. A partir daí, uma intrincada trama de segredos, mentiras e traições se desenrola, abrindo feridas que nem o tempo será capaz de curar. A força deste livro não está apenas em sua construção bem amarrada ou no realismo de seus personagens, mas, principalmente, na sua capacidade de envolver o leitor da primeira à última página. Com uma trama tensa e cheia de surpresas, O Guardião de Memórias vai emocionar e mostrar o profundo - e às vezes irreversível - poder de nossas escolhas.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Como começar uma narrativa

Há dois tipos principais de narradores: um cria a história conforme a escreve; o outro pensa tudo antes de contá-la

Por Braulio Tavares



Amanda Seyfried na nova versão de Chapeuzinho Vermelho: nunca há duas versões iguais do conto, mas um núcleo de elementos comuns

A Narrativa é uma forma de arte meio invisível, porque sempre aparece misturada com outras. Está em filmes, peças de teatro, óperas, histórias em quadrinhos, poemas, videogames, romances, canções, balés - sempre que cada um deles conta uma história. Ela não é necessariamente feita de palavras ou de imagens ou de gestos. É feita de agentes e ações, ou seja, personagens e acontecimentos. Se alguém quiser se aprofundar neste aspecto, pode consultar A Morfologia do Conto, de Vladimir Propp.

Há algo em comum entre o romance Vidas Secas de Graciliano Ramos e o filme Vidas Secas de Nelson Pereira dos Santos. Por mais diferentes que sejam em matéria-prima (um romance é feito de sinais gráficos em folhas de papel, e um filme de imagens luminosas em movimento, sonorizadas), existe ali uma sucessão de eventos que é reconhecivelmente a mesma nas duas obras. A Narrativa nunca é exatamente a mesma quando muda de meio de expressão, mas está sempre lá.

Existem milhares de versões das narrativas tradicionais, que geralmente são bem curtas e simples. Isto vale para uma lenda grega ou hindu, para um conto folclórico como Chapeuzinho Vermelho ou para uma anedota de português ou de bêbado. Se comparássemos um milhão de versões da história de Chapeuzinho (orais, impressas, cinematográficas, em quadrinhos, TV, teatro, desenho animado), não haveria duas iguais (a nova versão hollywoodiana do conto terá a suntuosa Amanda Seyfried, por exemplo), mas há um núcleo de elementos que é o "DNA" da história.

Há textos de Claude Lévi-Strauss sobre o Mito que o descrevem também como esse conjunto de elementos, nunca exatamente os mesmos, mas presentes nas diferentes versões, e que se tornam cada vez mais nítidos quanto mais versões são consultadas.

No meio cinematográfico existe uma máxima de que é mais fácil extrair um bom filme de um mau romance do que de uma obra-prima. Quando se tem uma Narrativa interessante, pode até ser mal escrita (o estilo pobre, o vocabulário de mau gosto etc.), mas se ela é mesmo uma boa história pode ser transposta sem grande perda para qualquer meio. Passa por mutação de forma, mas mantém o DNA original, a sua essência de história.


O filme Vidas Secas: sucessão de eventos reconhecíveis da obra de Graciliano Ramos
"Boa história"
Episódios de uma história são como palavras: de nada valem se não estiverem na ordem certa. Contar uma história nos obriga muitas vezes a fazer um movimento como o de uma câmara que mostra uma pintura a partir de um detalhe e daí vai se afastando, revelando uma extensão do quadro cada vez maior, e mantendo em vista o detalhe inicial. Não se deve, e na verdade nunca se pode, dizer tudo de uma vez só. Tem de dizer aos poucos, e para isto a sucessão certa de detalhes é fundamental.

Nem todo grande livro ou filme precisa de boa história. A Paixão Segundo G. H. de Clarice Lispector praticamente não tem história: é o fluxo de lembranças e reflexões na mente de uma mulher que se depara com uma barata em seu apartamento. A "narrativa" do livro poderia ser resumida em duas linhas. Para fazer grande literatura, a narrativa não é essencial. Mas evidentemente muitas pessoas querem contar histórias, sim; querem usar a narrativa, sim. E nestes casos o primeiro grande desafio é justamente este: qual a história que vou contar?

Eu diria que há dois tipos principais de narradores (escritores que gostam de contar histórias). O primeiro é o que precisa pensar a história inteira, saber como começa e termina, para só então começar a contá-la. Autores assim costumam fazer sinopses detalhadas, redigir dezenas de páginas de informações sobre ambientes e personagens, prever o número de capítulos, saber de antemão em qual capítulo vai acontecer esta ou aquela peripécia. Em alguns casos, ele passa mais tempo planejando do que escrevendo o livro.

Outros são diferentes. Começam a contar a história sem saber que história estão contando. Em vez de terem uma visão geral, partem de um detalhe: uma cena, um fato insólito, ou um personagem curioso fazendo tal ou tal coisa. Começam daí, e todo dia, quando escrevem, avançam numa direção ou noutra, dependendo do momento que vivem, do que acabaram de ler ou ouvir. O livro vai sendo improvisado todo dia, numa navegação meio às cegas mas movida pela intuição. Autores que escrevem assim dizem às vezes: "Se eu tiver bons personagens, eu não me perco. Posso inventar qualquer maluquice, sempre vou saber como os meus personagens reagiriam a ela."

Arquitetura
A primeira forma de Narrativa, a planejada antes da execução, é uma espécie de narrativa arquitetural, em que se concebe uma forma geral para toda a obra e depois vão sendo resolvidos os problemas localizados, de acordo com a ideia geral que foi decidida. A segunda forma parece com improvisos de jazz, em que há sempre um fio de continuidade a que o artista se apega (no exemplo, os personagens) e o resto é improvisado. Todo improviso, claro, só tem sentido se tiver alguma restrição, senão vira bagunça. No caso do jazz, é o tom, o compasso, o tema musical proposto. Na literatura, deve haver um mínimo de coerência entre as partes da história, por mais anárquica (romances de Charles Bukowski ou Henry Miller, por exemplo, parecem compostos no clima do "tudo isto poderia ter acontecido, já que estas pessoas são assim").

A narrativa arquitetural é mais cerebral e controladora; a narrativa jazzística navega de acordo com os ventos da intuição e as marés da vida do autor. Ambas são legítimas, claro, mas vale um alerta. Há muitos autores jovens capacitados para uma delas e, por influências várias, acham que "não sabem escrever" porque leram que a única maneira certa de escrever é a outra.

Braulio Tavares é compositor, autor de Contando Histórias em Versos (Editora 34, 2005).
btavares13@terra.com.br

fonte: Revista Língua Portuguesa
Ano 5 - nº 63 - Janeiro de 2011

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

REDUNDÂNCIAS

1 "Há" dois meses "atrás". Como e atrás indicam passado, não use os dois juntos:
Ele chegou há dois meses.
Iniciou o trabalho dois meses atrás.

2 "Já" não há "mais" motivo. e mais têm a mesma função na frase. Assim:
Não há mais motivo ou já não há motivo.

3 "Entrar dentro" da área. O certo Entrar na área. (ninguém "entra fora"). Outras formas condenáveis: "sair fora", "subir para cima", "descer para baixo".

4 "Encara de frente" os desafios. Ninguém encara (nem enfrenta) de lado ou de costas.
Diga: encarar (enfrentar) firmemente, encarar (enfrentar) com decisão.

5 "Elo de ligação". Elo já significa ligação.
Por isso: Ele é o elo entre a empresa e os funcionários.
Outras redundâncias: "viúva do falecido" (não há viúva sem falecido), "ganhar grátis" (não se ganha pagando), "hábitat natural" (todo hábitat é natural).

domingo, 9 de janeiro de 2011

ALGUNS ERROS MAIS COMUNS DE CONCORDÂNCIA

Um bom texto não deve apenas ser fluente, criativo e elegante. Ele deve também respeitar as normas da língua culta. Veja a seguir uma relação de erros mais comuns do idioma e a melhor maneira de evitá-los.

1 "Fazem" dez dias. Fazer, quando exprime tempo, é impessoal (não varia): Faz dez dias./ Fez dois meses./ Fazia cinco séculos.

2 "Haviam" muitos alunos. Haver, no sentido de existir, também é invarável: Havia, no sentido de existir, também é invariável: Havia muitos alunos na classe./ Houve muitos acidentes. / Pode haver novos casos de dengue.

3 "Existe" muitas expectativas. Existir, bastar, faltar, soltar e restar são regulares e variam normalmente: Existem muitas expectativas./ Bastaria dois trabalhadores./ Sobravam ideias, mas faltavam recursos. / Restavam casos insolúveis.

4 "Vende-se" terrenos. O verbo concorda com o sujeito: Vendem-se terrenos. / Alugam-se casas./ Fazem-se consertos./ Na vida cometem-se injustiças. Se houver preposição depois do verbo, ele fica invariável: Trata-se dos amigos leais./ Precisa-se de balconistas. / Recorre-se a todos.

5 "Obrigado", disse a moça. Obrigado concorda como sexo de pessoa: "Obrigada", disse a moça./Obrigado pela dedicação./Muito obrigados por tudo.

6 Estava "meia" adoentada. Meio, advérbio, não varia: meio adoentada, meio louca, meio atrasada.

7 As frutas custam 5 "real". A moeda tem plural, regular: As frutas custam 5 reais.

8 Ele é um dos que "pensa" assim. Um dos... que faz concordância no plural: Ele é um dos que pensam assim (dos que pensam assim, ele é um)./O amigo foi uma das pessoas que mais o apoiaram./Não sou dos (ou daqueles) que acham isso.

9 Medidas "econômicas-financeiras". Nos adjetivos compostos, só o último elemento varia: medidas econômico-financeiras, acordos político-partidários, partidos social-democratas.

10 Ela "mesmo" o convidou. Mesmo, quando equivale a próprio, varia normalmente: Ela mesma (própria) o convidou./As vítimas mesmas prenderam os bandidos (as próprias vítimas prenderam...).

11 O termômetro marcou 0 "graus". Zero é singular, sempre: zero grau, zero hora, zero-quilômetro.

12 "Deixou-me" triste essas notícias. Use o certo: Deixaram-me triste essas notícias. Cuidado, pois é comum o erro de concordância quando o verbo está antes do sujeito: Foram iniciadas hoje as obras (e não "foi iniciado" hoje as obras).

13 A dedicação dos filhos "servem" de exemplo. Palavra próxima ao verbo não deve influir na concordância: A dedicação dos filhos serve de exemplo./A lista dos amigos ausentes provocou espanto (e não "provocara" espanto).

14 Já "é" 10 horas. Horas e as demais palavras que definem tempo variam: Já são 10 horas./ Já é (e não"são") 1 hora. / Já é meio-dia.

15 Chegue ao mei-dia e "meio". Como está implícita a palavra hora, o certo é: Chegue ao meio-dia e meia(hora).

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011



"Todo livro digno de apreço é agente precioso que auxilia a viver e acertar."

POR QUE, PORQUÊ, PORQUE OU POR QUÊ?

Por que:
No começo da frase interrogativa ou no meio da frase afirmativa no sentido de: por qual motivo etc.
Ex.: Por que ele fez isso? (frase interrogativa).
- Não importa por que ele fez isso. (o motivo pelo qual).

Porquê:
Substantivado, sempre precedido do artigo o.
Ex.: Não sabemos o porquê de tanta confusão.

Por quê:
No final da frase, perto do ponto final ou de interrogação.
Ex.: Por quê? Não sei a razão nem por quê.

Porque:
Em frases afirmativas indicando causa.
Ex.: Eu não vou à festa porque estou doente.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Qual das frases é correta: "Convidamos os presentes a aplaudir" ou "Convidamos os presentes a aplaudirem"?

A frase gramaticalmente correta é a segunda.
De acordo com o que nos diz a regra, a língua portuguesa a forma nominal infinitivo pode apresentar-se de dois modos.

No infinitivo impessoal, considera-se apenas o processo verbal e não há flexão.

Exemplo: "Fumar faz mal à saúde".

Já o infinitivo pessoal ocorre quando se atribui um agente ao processo verbal, como no exemplo a seguir:
"Pedi que as crianças ficassem em silêncio".

E é esse o caso da segunda frase: "Convidamos os presentes a aplaudirem", em que há sujeitos ou agentes para "aplaudirem": os presentes.

A forma verbal flexionada é, portanto, obrigatória. Também é preciso cuidado para não flexionar os dois verbos ao formar uma locução verbal, como no exemplo a seguir:

"Na próxima esquina, vamos entrarmos à esquerda".
O correto seria dizer:
"Na próxima esquina, vamos entrar à esquerda".

O conteúdo pode ser abordado no 8° e 9° ano, especialmente no momento em que se estudam as orações subordinadas reduzidas e a concordância verbal.

Um modo interessante de tratar do assunto é analisar, juntamente com os alunos, anúncios publicitários e avisos.

Boa questão para concurso.

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

DÚVIDAS NUNCA MAIS!!!

Aonde/Onde

Aonde indica ideia de movimento ou aproximação.
Aonde você vai?
Aonde querem chegar com esta atitude?
Não sei aonde ir.

Onde indica o lugar em que se está ou em que se passa algum fato.
Onde você está?
Onde você vai ficar nas próximas férias?
Não sei onde começar a procurar.

Senão/Se não

Senão equivale a "caso contrário" ou " a não ser".
É bom que ele chegue a tempo, senão não haverá como ajudá-lo.
Não fazeia coisa alguma senão criticar.
Não fiz isso com a intenção de magoá-lo, senão de adverti-lo.

Se não usado em orações condicionadas e equivale a "caso não" ou "ou".
Se não houver seriedade, o trabalho não será concluído a tempo.
Manuel é rico, se não riquíssimo.
Serão advertidos se não forem trabalhar.